A agência de ratings internacional S&P antevê dificuldades para a PT caso as suas propostas apresentadas na quinta-feira vão para a frente.
A Standard & Poor's reviu em baixa o «rating» da dívida da Portugal Telecom, depois de ontem a operadora de telecomunicações ter anunciado o «spin off» da PT Multimédia e o aumento da remuneração dos accionistas de 3 para 3,5 mil milhões de euros para o período 2006-2008.
No longo prazo, a descida foi de «BBB+» para «BBB-». Os analistas baixaram ainda o «rating» da dívida de curto prazo de «A-3» para «A-2», e acrescentam que as restantes dívidas permanecem em observação com implicações negativas, onde se encontram desde que a Sonaecom lançou a Oferta Pública de Aquisição (OPA), a 7 de Fevereiro.
Um dos analistas da Standard & Poor's diz mesmo que a revisão em baixa do «rating» reflecte «o endividamento da PT e o enfraquecimento dos negócios».
PT depende cada vez mais do Brasil
Para além disso, considera ainda que depois da venda da PT Multimédia, a capacidade de endividamento da PT vai depender em grande parte do esperado crescimento dos «cash flows» de menor qualidade da operadora móvel brasileira Vivo.
Os analistas dizem ainda que após as operações anunciadas será criado um operador alternativo à PT na área de cabo «com um tamanho crítico em Portugal».
Assim, a agência de «ratings» diz esperar que «a pressão competitiva aumente» em relação ao negócio de comunicações através da rede de cobre, o «principal gerador de cash flow» da maior operadora de telecomunicações nacional. Este desenvolvimento deverá ainda «alterar a dinâmica da concorrência do mercado de telecomunicações português».
Assumindo que a oferta da Sonaecom não tem sucesso e o plano proposto pela PT é aprovado, os analistas consideram que o «rating» pode ser reiterado em «BBB-» e o «outlook» permanecer «indeterminado».
Mais endividamento ameaça baixar rating outra vez
Até surgirem mais pormenores e análises do negócio e das implicações financeiras do plano apresentado pela PT os especialistas mantêm a sua avaliação, «contudo, não podemos excluir a possibilidade do rating ser revisto em baixa para BB+», essencialmente se a casa de notação verificar um «endividamento excessivo da estrutura de capital».
«Os ratings vão permanecer em observação com implicações negativas até que a oferta da Sonaecom caia ou deixe de existir, reflectindo a existência do risco de ser implementada uma nova estrutura com um endividamento ainda mais elevado, caso a OPA seja bem sucedida».
Esta possibilidade resultaria numa nova descida dos «ratings», provavelmente para o limite inferior da categoria «BB».
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