quarta-feira, março 29, 2006

Bruxelas quer acabar com benefícios fiscais à compra de casa

A Comissão Europeia está preocupada com o elevado nível de endividamento das famílias portuguesas.

Em causa estão sobretudo os empréstimos pedidos para comprar casa, que aumentam a vulnerabilidade, por exemplo, a uma crise económica.

Bruxelas recomenda que os compradores sejam prudentes e não ultrapassem os seus limites na hora de contratar créditos, pedindo mesmo aos bancos que sejam também mais exigentes ao conceder empréstimos e aos Governos dos Estados-membros que eliminem os incentivos fiscais à compra de casas.

No relatório relativo à economia da Zona Euro no primeiro trimestre deste ano, a Comissão assinala que os preços reais da habitação subiram consideravelmente desde o final dos anos 90, embora varie consideravelmente de um país para outro.

Preços reais das casas baixaram em Portugal

Os aumentos mais fortes sentiram-se na Irlanda (com um pico de 18% em 1998/2000) Espanha (14% em 2003/2004), Holanda (14% em 1998/2000), e França (11% em 2003/2004). Na Bélgica e na Finlândia, os aumentos foram mais moderados, e em Portugal até baixaram, tal como na Alemanha e na Áustria.

Como consequência, aumentou o endividamento das famílias da Zona Euro, especialmente em Espanha, Alemanha, Holanda, Irlanda ou Portugal, países onde o nível de endividamento supera já os 100% do rendimento disponível.

Na base desta subida do endividamento, a Comissão aponta factores como a adopção do euro, que permitiu um maior acesso ao financiamento exterior, taxas de inflação mais elevadas, que reduzem ainda mais as taxas de juro reais, ao aumento da imigração e da população em idade de comprar casa e ao desenvolvimento dos mercados hipotecários.

Ainda que desdramatize a situação, a Comissão alerta que as famílias ficam agora mais exportas e vulneráveis às flutuações no preço da habitação ou a possíveis impactos económicos que podem influenciar os rendimentos e as taxas de juro.

A forte subida dos preços das casa na Zona Euro desde o final dos nos 90 deve-se sobretudo à forte procura, mas também à escassez da oferta, que não reage com rapidez à subida da procura, especialmente em Itália, Espanha ou na Holanda, por exemplo. Nos casos da Alemanha ou da França, o mercado imobiliário produz mais oferta assim que a procura aumenta.

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