
Como já se esperava, a procura interna caiu 0,1% em termos homólogos, muito influenciada pelo consumo privado, que registou aquilo a que o Instituto nacional de Estatística (INE) chama de «uma desaceleração intensa», de 3,1% para 1,2%. O contributo para o PIB foi desfavorável.
Este abrandamento do consumo privado deve-se sobretudo à antecipação de compras de bens duradouros para o trimestre anterior. Os portugueses aproveitaram para comprar este tipo de produtos no segundo trimestre, antes do aumento da taxa normal de IVA de 19% para 21%. Por isso mesmo, a compra de automóveis, electrodomésticos e outro tipo de bens duradouros caiu 1,8% no terceiro trimestre face ao homólogo, após o crescimento de 9,6% registado no trimestre anterior. As despesas das famílias residentes em bens de consumo não duradouro (alimentar e corrente) e serviços continuaram em desaceleração, crescendo
1,6% (face aos 2,2% no trimestre anterior).
Investimento cai 4,1%
Quem também não ajudou à evolução da economia foi o investimento, que caiu 4,1% face ao trimestre homólogo, denotando uma deterioração relativamente ao período anterior, no qual tinha descido 3,7%.
No sector da construção, o investimento, que se encontra em quebra homóloga há cinco trimestres consecutivos, apresentou uma nova descida, de 6,5%, muito maior do que a de 3,9% do trimestre anterior.
O investimento em máquinas e equipamentos (excepto material de transporte), que no segundo trimestre de 2005 tinha crescido 2,2% em volume face ao período homólogo, registou uma quebra de 1,4% no terceiro trimestre. Já o investimento em material de transporte, diminuiu 1,5%, melhorando ligeiramente depois da descida de 3% do trimestre precedente.
Exportações aceleram para 2,2%
O contributo da procura externa líquida para o crescimento do PIB foi positivo, de 0,3 pontos percentuais (p.p.), com as Importações de Bens e Serviços a revelarem uma desaceleração e as Exportações uma aceleração.
As exportações subiram 2,2% face ao homólogo, acelerando face aos 0,3% no período anterior. A melhoria foi comum às componentes de bens e de serviços, com a primeira a revelar uma subida de 2,4%. Os produtos alimentares, bebidas e tabaco; os produtos petrolíferos refinados; as máquinas de escritório e equipamentos para o tratamento da informação; e ainda os equipamentos e aparelhos de rádio, televisão e comunicação foram os que mais ajudaram as exportações.
As exportações de serviços, por sua vez, aumentaram 1,4% após a queda de 4,3% no período anterior, recuperação sentida ao nível da generalidade das suas componentes. As despesas dos turistas que visitaram Portugal evidenciaram um andamento claramente ascendente, registando um crescimento de 2,3% depois da queda de 6,7% no anterior.
As importações, por outro lado, continuaram em desaceleração, crescendo 1% em termos homólogos, face a 2,4% no anterior. De referir a revisão em alta das importações de bens no segundo trimestre, com a incorporação de informação mais recente.
As importações de bens passaram de 2,4% para 1,6%, enquanto que as de serviços, após o crescimento de 3,1% no segundo trimestre de 2005, registaram uma queda de 3,6%. Os portugueses que foram ao estrangeiro em turismo continuaram a registar uma elevada taxa de crescimento (6,4% em volume).
Contudo, em termos nominais, o saldo da Balança de Bens e de Serviços, medido em percentagem do PIB, não registou uma melhoria significativa, cifrando-se em -8,5%, devido ao elevado preço que o petróleo bruto e produtos refinados atingiram neste trimestre.
A Necessidade de Financiamento da economia portuguesa, medida em percentagem do PIB, agravou-se, caindo 8%.
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