sexta-feira, dezembro 09, 2005

4 mil milhões para a nova refinaria em Sines

O Governo e um grupo de investidores internacionais, liderado pelo empresário português Patrick Monteiro de Barros, deverão assinar muito em breve, podendo, eventualmente, ser hoje mesmo, um memorandum de entendimento para a construção de uma nova refinaria em Portugal. Orçado em cerca de quatro mil milhões de euros, o projecto, a construir de raiz, deverá arrancar já no próximo ano, e poderá estar concluído em 2010, noticia o «Diário de Notícias».

Em Sines, o local escolhido pelos investidores para a instalação da nova refinaria, a terceira do País, poderá vir a criar cerca de 800 novos postos de trabalho. Mas durante a fase de construção empregará muito mais gente, garantiu ao DN fonte governamental. «Será um dos maiores projectos industriais feitos no País", adiantou a mesma fonte, "e envolve um investimento superior ao da Autoeuropa». Ainda de acordo com a mesma fonte, será uma das mais modernas refinarias da Europa, que quase poderá duplicar a capacidade refinação hoje instalada em Portugal.

A nova refinaria não terá uma capacidade instalada inferior à que hoje tem a da Galp em Sines, que é de 10,4 milhões de toneladas/ano e será muito superior à de Matosinhos de 4,8 toneladas.

Liderado por Patrick Monteiro de Barros, um empresário desde sempre ligado ao mundo dos petróleos - que chegou inclusivamente a ter uma participação numa das empresas petrolíferas americanas, a Tosco -, o projecto conta ainda com a participação de capitais árabes e norte-americanos.

Contactado pelo DN, Patrick Monteiro de Barros limitou-se a dizer que tinha um compromisso de reserva sobre o assunto e que por isso não fazia qualquer comentário ou adiantava pormenores sobre o projecto. Admitiu, no entanto, que "eventualmente poderá ser assinado hoje um memorandum de entendimento com o Governo". No entanto, adiantou, ainda falta acertar alguns pomenores.

Os accionistas da Fomentinvest, empresa participada pelas Fundações Oriente, Luso-Americana para o Desenvolvimento e Ilídio Pinho, assim como pelo grupo Espírito Santo, que se falava que poderiam vir a entrar neste projecto, não estão, para já, incluídos na lista de investidores.

Contactados pelo DN, alguns daqueles accionistas garantiram que não estão envolvidos neste projecto. Carlos Monjardino, o presidente da Fundação Oriente, considerou, no entanto, que "se a refinaria avançar terá certamente um impacto económico muito positivo para o País, mas também terá um impacto negativo a nível ambiental". A nova unidade de refinação em Sines vai concorrer com as duas refinarias da Galp, uma em Sines e outra em Matosinhos, embora o seu alvo principal seja o mercado externo, nomeadamente para outros países da Europa e Estado Unidos da América, onde Patrick Monteiro de Barros tem excelentes contactos, adiantou ao DN uma fonte ligada ao projecto.

O défice de produtos refinados no mercado internacional e as elevadas margens de lucro na refinação são dois factores considerados, pelos investidores, decisivos para uma amortização mais rápida do investimento. A Península Ibérica, por exemplo, à semelhança de outras regiões do globo é neste momento deficitária na produção de gasóleo, ao contrário do que acontece em relação às gasolinas. A manter-se este cenário, um projecto daquela dimensão poderá pagar-se no prazo de quatro a cinco anos. Em Outubro, o Diário Económico já tinha avançado com a possibilidade de Patrick Monteiro de Barros poder apresentar um projecto de uma nova refinaria.

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