
O objectivo do Banco Mundial é encontrar "novas modalidades de atrair financiamentos para as ilhas" depois da súbita ao patamar de PDM, condição que implica a quebra acentuada do apoio da comunidade internacional ao desenvolvimento de Cabo Verde.
A chefiar a missão do Banco Mundial em Cabo Verde, que começou na sexta-feira, está o guineense Paulo Gomes, administrador da instituição financeira internacional para a África Ocidental.
Com a integração no grupo de Países de Desenvolvimento Médio - segundo os critérios do Conselho Económico Social (ECOSOC) da ONU, Cabo Verde atingiu níveis de desenvolvimento humano que justificam esta gradação - o país deixa de receber os elevados apoios da comunidade internacional que permitiram o progresso do arquipélago nos últimos anos.
Paulo Gomes está a discutir com as autoridades cabo- verdianas novas modalidades de atracção de investimento, uma vez que "os modelos clássicos" utilizados pelo BM para apoio aos países menos avançados "já não vão poder ser aplicados a Cabo Verde" a partir de 2008.
Uma das propostas conhecidas, durante a reunião do administrador do BM com o ministro das Finanças cabo- verdiano, João Serra, seria a construção de um modelo próprio que tenha suficiente flexibilidade para permitir manter um apoio continuado a Cabo Verde.
Apesar de o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da ONU apontar para o facto de Cabo Verde ter atingido patamares de desenvolvimento humano únicos em África, a economia cabo-verdiana apresenta, como o BM reconhece e as estatísticas sublinham, sérias fragilidades.
Um dos modelos que a ser adoptado pelo BM poderá passar por "instrumentos híbridos", que são os financiamentos normalmente concedidos para alguns países da América Latina "combinados com instrumentos aplicados aos países menos avançados".
Segundo Paulo Gomes, há desafios característicos com alguns factores de custos elevados, nomeadamente a questão de Cabo Verde não estar fisicamente ligado ao continente, como a insularidade ou a vulnerabilidade económica, que "devem ser levados em conta".
"Neste momento estamos a trabalhar bastante numa estratégia regional com projectos que englobam vários países, que não se pode aplicar em Cabo Verde devido aos constrangimentos naturais. Por isso, é preciso encontrar um modelo próprio para continuar a apoiar o país dada a boa governação e a estabilidade política", afirmou.
Por outro lado, o ministro das Finanças de Cabo Verde, João Serra, explicou que é necessário criar um programa específico para o financiamento de infra- estruturas.
"Precisamos ter acesso a recursos cada vez mais avultados para o financiamento do suporte de desenvolvimento do país que são as infra-estruturas e é neste sentido que procuramos ver as modalidades que possam existir junto do Banco mundial para ter acesso a novas janelas de financiamento", explicou o governante.
O Banco Mundial agendou, para depois das eleições legislativas e presidenciais cabo-verdianas, a 22 de Janeiro e 12 de Fevereiro, respectivamente, um "workshop" para discutir a formulação do projecto do programa para apoio às infra-estruturas.
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